terça-feira, outubro 31

Referendo da discórdia

Ontem vi o "Prós e Contras", que debateu o referendo sobre a despenalização do aborto. Tenho pena que a discussão se tenha prolongado até tão tarde, em parte porque o público teimava ora em bater palmas ora em vaiar os interlocutores... Sinto-me mais esclarecida e pretendo não repetir o mau exemplo que dei no último referendo. Não votei... Enquanto cidadã e mulher, sinto-me culpada.

Sou a favor da despenalização, embora não concorde com algumas das mudanças que esta lei pretende implementar, nomeadamente as elevadas verbas que vamos gastar (não tenho números concretos, foi uma idéia com que fiquei ontem). Aborto despenalizado sim e com ajudas do Estado, mas só nos casos de pobreza extrema... Existem outras prioridades (doentes crónicos, em fase terminal, etc); há que ter em conta que o Serviço Nacional de Saúde não é propriamente a nona maravilha do mundo e por isso existem lacunas graves que necessitam de injecção de capital. E deveria haver um nº limite de abortos. Acho mesmo que se poderia laquear as trompas a mulheres que interrompem uma gravidez mais de "x" vezes, para proteger a integridade física das mesmas.. posso parecer bárbara, mas não vejo solução mais eficaz.

Não concordo que despenalizar o aborto o banalize. Pelo contrário, acho que o número de abortos ilegais ou realizados no estrangeiro nos levam a mudar a lei. Quer queiramos, quer não, continuarão a existir abortos e manter a lei que está em vigor seria mera hipocrisia. Seria fechar os olhos a milhares de ocorrências, desde que tenham lugar em estabelecimentos clandestinos ou estrangeiros.
Em relação ao direito à vida, pouco tenho a dizer. Para mim, a vida humana começa no momento da concepção, mais bracinho, menos bracinho. Não é isso que está em causa, caso contrário também teriamos de pôr em causa os abortos efectuados legalmente neste pais em caso de violação ou má formação do feto. Está em causa sim, uma realidade à qual temos de fazer face. O nº de abortos diminuirá no dia em que este país tiver planeamento familiar e educação sexual. Enquanto o primeiro ponto tem dado alguns passos, o segundo permanece tabu. Escandaloso não é falar de sexo numa escola, mas sim praticar sexo "inseguro" e engravidar por falta de conhecimento ou consciência.
Precisamos de formar consciências num estado laico.

8 comentários:

Thiago disse...

Muito bem escrito. concordo 100%. beijos grandes

ellla disse...

eu nao concordo c a parte de laqueacao das trompas!! Para isto exisye o tal aparelozinho que se mete nas trompas para evitar a gravidez.
Acho nao seja tabu para quem quer que seja

ellla disse...

comentario feito noutro lado, pensei assim poderia dar + uma vez uma opiniao
oooooooooi
o aborto nao é + uma questao tabou e que é tempo de evoluir no sentido de emanicipar a mulher, sim porque se fala direito a vida...
Se se veem varias opinioes acerca deste tema é bem porque existe mais do que seguimentos biblicos na nossa sociedade,e nesta altura mais vale que os cristaos ferrenhos se juntassem numa quinta isolada...

Se existem 3200 mulheres portuguesas que dao o passo e os tostoes para ir a clinicas espanholas existem "n" vezes mais em Portugal a praticar aborto ilegal em segredo..



Fico triste quando ainda hoje se tenha de discutir um tema como o aborto, uma coisa essencial para nos nesta altura da historia e causa de evolucao, espero sinceramente que aborto seja legal e nunca sera um meio contraceptivo, existe a pilula

Grow2Harvest disse...

se já existem os meios contraceptivos, como dizes, a pílula, por que razão a pílula do dia seguinte é um medicamento tão procurado?

se já existem, por que razão há então essas 3200 mulheres que vão para "curas de emagrecimento" para Espanha e outras tantas ou mais que o fazem em segredo?

são argumentos tolos.
tal como tola é a ideia de colocar os cristãos ferrenhos numa quinta. depois teria de se fazer uma quinta para os muçulmanos, para os bloquistas, para os mais papistas que o papa, para os okupas, para as feministas, para os machistas, para todos os que têm ar na cabeça e não sabem discutir ou aceitar ideias diferentes.

não sou a favor nem contra, é uma questão de princípio.
a mulher decide.
não tenciono votar.

mas a ideia do laquear as trompas fez-me sorrir.
pois por um lado faria novamente o aborto ilegal surgir e por achares que a penalização física e psicológica para a mulher que o faz repetidamente não é nada e que o faz levianamente... como fumar um cigarro.

ellla disse...

bom biennus, ola
Achas minhas ideias tao tolas porque gastar tanta saliva?
Eu ca tenho muita ideia a refutar as suas mas como insultos nao sao meu forte, antes prefiro fico me por aqui e so posso te desejar as melhores felicidades. fui

Anónimo disse...

Sinceramente não tenho mais forças para discutir este tema... Só um pequeno comentário, por isso mesmo: o aborto é e continuará a ser praticado, independentemente do resultado do referendo. Sendo assim... Os "pró-vida" e mais não sei das quantas, não se interessam pela quantidade de vidas de mulheres q acabam na maca dum 3º andar da Rua Perdida do Beco? Pois... Aí preferem fechar os olhos... Enfim...


S.R.

Anónimo disse...

MESSAGE

Anónimo disse...

Concordo com grande parte do teu post. Muita hipocrisia neste pais : em 2007, poder condenar penalmente as desgraçadas que abortam CLANDESTINAMENTE , que sociedade é esta ! Educação sexual, zero, é verdade ! mais agora existem outras fontes de informação. A Internet , acho eu, é positiva neste aspecto. Enfim, o que me deixa PARVO é a apatia das mulheres neste debate, vejo mais homens a discursar sobre isto. Esclarecedor ! Os direitos geralmente foram obtidos pela luta. Nesta distante aldeia gaulesa (ainda!!!) , nos anos 50, as mulheres não podiam votar etc, etc , eram menorizadas.
Gostaria que no Domingo houvesse uma votação máçica do SIM pelo lado das mulheres e que terminasse a actual pouca vergonha, e que se criasse REALMENTE melhores condições concretas para as mães.
Petites Bises.