quarta-feira, novembro 16

O Processo dos Távora

Ontem passou na RTP1, de novo, uma série sobre o processo dos Távora. E eu, mais uma vez, perdi a oportunidade de ver o programa... Sempre que que a dita série passa, fico com curiosidade de saber mais coisas sobre esta história; comentei isso com a Cassilda que teve a amabilidade de me indicar um link da Wikipédia.

O caso Távora

Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguia incógnito numa carruagem que percorria uma rua secundária nos arredores de Lisboa. O rei regressava para as tendas da Ajuda de uma noite com a amante. Pelo caminho, a carruagem foi interceptada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, o seu condutor também ficou ferido gravemente, mas ambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.
Sebastião de Melo tomou o controle imediato da situação. Mantendo em segredo o ataque e os ferimentos do rei, ele efectuou um julgamento rápido. Poucos dias depois, dois homens foram presos e torturados. Os homens confessaram a culpa e que tinham tido ordens da família Távora, que estava conspirando pôr o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmo antes da tentativa de regicídio ter sido tornada pública. Nas semanas que se seguem, a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram presos com as suas famílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso.
Foram todos acusados de alta traição e de regicídio. As provas apresentadas em tribunal eram simples: a) As confissões dos assassínos executados, b) A arma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) O facto de apenas os Távoras poderem ter sabido dos afazeres do rei nessa noite, uma vez que ele regressava de uma ligação com Teresa de Távora, presa com os outros. Os Távoras negaram todas as acusações mas foram condenados à morte. Os seus bens foram confiscados pela coroa, o seu nome apagado da nobreza e os brasões familiares foram proibidos.
A sentença ordenou a execução de todos eles, incluindo mulheres e crianças. Apenas as intervenções da Rainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira do trono, salvaram a maioria deles. A marquesa, porém, não seria poupada. Ela e outros acusados que tinham sido sentenciados à morte foram torturados e executados publicamente em 13 de Janeiro de 1759 num descampado perto de Lisboa. A execução foi violenta mesmo para a época, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram quebradas com paus e as suas cabeças decapitadas e depois os restos dos corpos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo. O rei esteve presente, juntamente com a sua corte, absolutamente desnorteada. Os Távoras eram seus semelhantes, mas o rei quis que a lição fosse aprendida e para que nunca mais a nobreza se rebelasse contra a autoridade régia.
O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foi demolido e o terreno salgado, simbolicamente, para que nunca mais nada ali crescesse. No local, hoje chamado Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento mandado erigir por D. José com uma lápide que pode ser lida . As coroas da família Távora foram picadas e o nome Távora foi mesmo proibido de ser citado.
Gabriel Malagrida foi queimado vivo alguns dias depois e a ordem dos jesuítas declarada ilegal. Todos as suas propriedades foram confiscadas e os jesuítas expulsos do território português, na Europa e no Ultramar (o filme "A missão" retrata a expulsão de uma comunidade jesuíta da floresta brasileira). A família Alorna e as filhas do Duque de Aveiro foram condenadas a prisão perpétua em mosteiros e conventos.
Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras pelo seu tratamento competente do caso, e posteriormente, em 1770, obteve o título de Marquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecido hoje.
Encontrarão mais informações aqui.

9 comentários:

Anónimo disse...

Segundo alguns historiadores o regicídio foi uma farsa para Sebastião José de Carvalho e Melo conseguir impressionar o Rey.

Na realidade o mArquês vinha da baixa nobreza e "vingou-se" da alta nobreza que anos antes o havia "chingado".

D. Leonor foi a 1ª mulher nobre a ser morta em público em pOrtugal e viu primeiro a morte dos filhos e do marido.

Posteriormente, no reinado de D.Maria, os Távoras foram perdoados.

Telha Gal

Van disse...

Cururu também é cultura!!!!:P

Anónimo disse...

Engraçado, a conversa da manhã de hoje com o Décio foi acerca da série. Uma ex namorada do meu irmão é descendente direita do Marquês de Pombal. Avô em 5º ou 6º grau creio eu. Engraçada coincidência.

Eu cá nem tempo tenho para me coçar, quanto mais para ver televisão. :///

Beiiiiiiiijo:)

Anónimo disse...

já vi q já mataste a curiosidade :P

Anónimo disse...

Eu vi o final da série, já quando iam ser mortos. E posso acrescentar mais qualquer coisa.

Apesar do Marquês de Pombal ter sido muito importante para Portugal, cometeu as mais violentas atrocidades. As penas que ele aplicava eram de uma brutalidade sem explicação, e uma forma dele se conseguir livrar dos Nobres que lhe faziam sombra.
Mais tarde D.Maria I, foi a própria a querer esclarecer o processo dos Távoras, e muitos outros crimes associados à pessoa do Marquês. Ela foi branda na pena a aplicar, e ordenou que este se ausentasse para local distante da corte vinte léguas. E assim lá foi ele para Pombal, onde morreu.
Conta-se também que a pena aplicada incluia não pisar Lisboa. E foi o que ele fez, porque cada vez que vinha a Lisboa era transportado numa Tipóia para não tocar no chão.

Enfim, foi mais um ditador Português. Presentemente temos o Sócrates.

Mistinguette disse...

obrigada pelas informações adicionais :) acho que o Décio me passou o bichinho da História de Portugal. Eu sempre gostei dos contos tradicionais, e gostava das aulas de história, mas tenho pena de me esquecer dos factos com tanta facilidade.

Anónimo disse...

Sou um amante de história e estórias, por isso é que me lembrei no outro dia da Lenda de São Martinho.
Havia gente com sono e tal, mas outros que até colheram os seus frutos! :)

Anónimo disse...

"E foi o que ele fez, porque cada vez que vinha a Lisboa era transportado numa Tipóia para não tocar no chão."

LINDO!! O senhor tinha geniozinho!

D(r)écio, eu gosto muito de te ouvir, mas quando começas a falar (que não páras) de História, a realidade é uma: dás-me sono.

Ainda por cima escolhes sempre os piores momentos, ou ás 9 e tal da manhã, ou á uma e tal.

Anónimo disse...

ola;
meu antepassado João da Silva de Oliveira, também antepassado do presidente FHC , veio para o Brasil, com o Frei Lourenço do CAraça ( que era de pesqueira) fugido do caso tavora.
quero muito ler o processo que esta em 6 volumes no arquivo nacional no RJ.
mais informações no meu site.